quarta-feira, janeiro 24, 2007

Anjo azul


Existe um anjo azul em meu quarto. Ele me foi ofertado como um presente de gratidão. Suas asas são desenhadas com pequenos fios d'ouro. Em suas mãos tépidas carrega um ramo de lírio, talvez seja o da paz, com três flores entreabertas e dois botões. O que mais me atrai nele é o seu olhar vago.
O que vês meu anjo?
Não sei, talvez ele possa olhar a minha alma e o meu futuro. Ou poderá ainda enxengar o meu sombrio passado rumurante.
Eu posso ver os seus pés descalços, sua tez rósea destona do quadro. Cabelos de anjo.
Os cabelos dos anjos hão sempre de ser cacheados e loiros?
Meu anjo tem cabelos de anjo.
Anjo ou anja?
Francamente meu anjo é uma monaliza, não sei ainda seu verdadeiro sexo.
Minha mãe gosta de comtemplá-lo, eu freqüentemente possuo em certo receio.
Uma coisa eu sei a respeito dele: ele é azul.

Um comentário:

Anônimo disse...

Do que é feito um anjo?
Lendo sua crônica pensei:
Por que fiz o anjo?
Gratidão? Não! Não se paga a amizade das pessoas com gratidão, nem com presentes, mas a intenção é que você soubesse que de alguma forma alguém que hoje não é mais importante, velava e velará por você! Aquele anjo é feito de linhas, de pano, de afeto e de amizade. O risco pode revelar uma face impessoal, o rosto pode parecer estranho, o olhar inexpressivo, mas a intenção é a vida naquele ser assexuado. Só as pessoas que realmente me importam receberam meus anjos... Não são perfeitos, como eu não sou, mas minha intenção, é. Mesmo que não o contemple, pense nele como se alguém (menos importante) fizesse sempre uma prece por você, mas sem o uso da palavra, só com uma agulha meio enferrujada e com os matizes de azul em um velho pedaço de etamine...
Os lírios são pra você!
Um abraço da amiga humana,
Ursula Damasceno.