segunda-feira, janeiro 28, 2008

Menosprezo

Você esquece que eu esqueço.
Daí reponde o esquecido.
fala comigo depois que adormeço,
e não quer que eu fique aborrecido.

Sabes que por você tenho apreço.
Tuas culpas tenho absolvido,
mas, por favor, esqueça meu endereço.
Pode deixar que não fico ressentido.

Não quero ter você como meu tropeço,
para não te amar, devia ter me benzido!

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Dia de Tom
Dia de bossa
viva a bossa!
nova
50 anos de música

Memórias de verão

Todo verão sempre é a mesma coisa. Um sol de quase 40º durante o dia e à tarde aquela chuva refrescante, que às vezes se transforma numa espetacular tempestade. O rio enche, as árvores ficam mais verdes e sem falar nos insetos que se põem a voar. São besouros e mosquitos numa ópera sem fim. Janeiro tem que chover, ao menos no seu início. Tem dias que temos de retirar aquele casaco, já guardado do inverno, lá no fundo do armário e juntá-lo ao guarda-chuva.
Todas minhas férias eu e meus primos íamos com freqüência para casa da vovó. Desde pequeno lembro-me de minha avó dando nomes para cada tipo de chuva: chuva de vento, chuva de condão e chuva de voltas. Quando calhava de cair uma tempestade destas que vira a tarde e entra pela madrugada afora minha avó fazia uns bolinhos de chuva deliciosos e punha-se a contar seus fantásticos causos. Era um mais horripilante do que o outro, ou então eram suas recordações de infância.
Sempre eu a ajudava com os ingredientes para os bolinhos. Ovos, leite, fermento e trigo. Quando ela misturava a manteiga ao açúcar eu sempre roubava um pouco, depois era uma briga para ver quem ia raspar a travessa, no final a vovó dava uma colher de pau para cada um e assim iniciava a disputa para ver quem dava mais lambidas.
Cada neto tinha suas preferências culinárias. Uns o bolinho de chuva, outros o bolo mármore, até hoje não sei ainda como ela fazia aquele bolo. Era extraordinário, ela misturava uma massa de bolo branco ao bolo de chocolate, colocava tudo numa forma de furo no meio. Quando assava era uma maravilha, as massas não se misturavam. Que delícia!
Enquanto o bolo não ficava pronto, todos seus netos sentavam no tapete da sala para escutá-la. Todos calados, não perdíamos uma só respiração da vovó. Eu gostava de ouvir as traquinagens que minha mãe aprontava com os seus irmãos. Era uma grande farra saber o quanto eles aprontaram na infância.
Conforme o bolo ficava pronto ela o punha na mesa, junto ao café, a lata de leite Glória e a lata de biscoitos que tinha na tampa uma gravura de uma menininha com um ramalhete de flores vermelhas. Ávidos corríamos para a mesa, a briga agora era pra ver quem ia sentar ao lado da vovó.
Os meninos depois do lanche saiam a procurar besouros, fazíamos coleção. Cada escaravelho encontrado era uma festa só. Gostávamos de amedrontar as meninas. Enquanto saímos para a caça as meninas punham-se a fazer roupinhas para suas bonecas. A vovó sempre as ajudava, era uma costureira de mão cheia, fazia as roupas do batizado de todos os seus netos, nada da madrinha comprar, roupa de batizado lá em casa era somente com a dona Tereza.
Quando o verão acabava era uma tristeza só. Cada um ia para a sua casa com a vontade de que o verão durasse pelo menos mais uns dois meses. Íamos nos encontrar de novo só no próximo verão, este era o motiva da saudade ser maior.
Agora todo verão é a mesma coisa: o cair da chuva no final da tarde faz com que me lembre da vovó, dos seus quitutes encantadores e das travessuras com meus primos. Na estante está o seu retrato, no dia de seu casamento, com o seu vestido branco bordado, sua grinalda na cabeça e o buquê nas mãos. A vovó era tão linda. O verão sem a vovó não é mais igual, era ela que tornava o verão realidade.

sábado, janeiro 19, 2008

Óculos




Brancos quadrados ou redondos?
De sol, do vovô ou de professor?
Do camelô!

Os óculos do papai Noel é redondo.
Armação de todos os tamanhos e gosto.
Grandes, enormes, pequenos . . .

Para ler, para longe ou para perto.
Transitions, uau!
Qual o seu grau?

Oculista, oftalmologista,
Atendente,
Modelo,
Gerente, 10% no cartão
Caixa,
Dinheiro, e por fim
Óculos.

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Sete aflições


Sete cabeças contem o dragão de São Jorge
Em cada cabeça um diadema de brasas
Às mãos, pesada espada Jorge conduz
O dragão perdeu uma cabeça e o santo a sua

Sete talismãs possuem Belchior, Gaspar e Baltazar
Cada um seguiu o seu caminho após estrela findar
Os braços de Gaspar deixaram cair seus amuletos
O mago malogrou seu reino, seu incenso, seu ouro, sua mirra

Sete livros, sob a cama de Teodora dormiam
No teto de sua casa pendia um candelabro
Uma vela caiu sobre o dossel e o queimou
Teodora e seus livros morreram depois que o fogo incendiou

Sete orixás no altar de mãe menina estão postos
Búzios, guias e miçangas lado a lado permanecem
Em procissão seguiam ávidos para o novo templo
Mãe menina tropeçou e seus santos despedaçaram

Sete cartas de copas no baralho persistem
Jogada atrás de jogada, compra aqui e ali
Cada ponto da carta um coração vermelho
Triste é saber que o naipe do trunfo ouro é

Sete estrelas formam a constelação de Centauro
Suas pernas de cavalo inclinam sobre o firmamento
Cavaleiro hábil e diligente a cavalgar pelos astros
Fugiu para o austro apagando suas estrelas no boreal

Sete anos Jacob nos campos de Labão
Esperava sua Raquel trabalhando como pastor
Recebe os olhos sem brilho de Lia por pagamento
Jacob sedento por Raquel mais sete anos lidou